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segunda-feira, 14 de março de 2016

Arte

Quadro exposto na Casa do Poeta de Caçapava do Sul, ilustrando e lembrando exposição realizada antes da edição do livro.

Uma Flor

Flor que no prado desabrochas rindo
E de aroma lindo, delicioso e puro
Tu te confundes com o ideal sagrado
Porque de bom grado verás teu futuro!

Jurei amar-te, meu coração deseja
Para que vejas este sincero amor
E quando esta paixão dominar-me a alma
Já tenho a calma de suportar tal dor!

A dor me invade o coração ferido
Por ter sofrido da saudade espinhos
Anjo ignoto, meu ideal procura
A tua formosura, pelo teu carinho!

Teu belo rosto só em sonhos vejo
Entre o desejo que perde-se além
Vibra minh’alma em melodias tantas
Que eu julgo santas, como a ti também!

Minha lira é uma opaca estrela
Que só ao vê-la me mira de lá
E, cá da terra, me deslumbra isso
E mais por isso, meu amor está!

E, nesta vida de ilusões perenes,
Eu guardo sempre do passado as flores
Que as idolatro com fervor que preme
Ficando ainda as circunstantes dores!

E ainda perpetuam, nesta alma, as chamas
Dessas saudades dum passado leve
Também quem assistiu, como eu, os dramas
Hoje extintos como a fria neve!

Nuvens que passam como a cor de arminho
Quando voam no céu, porque vão-se embora
Mas suas sombras são do meu carinho
Resplandecentes como a meiga aurora!

Já são flores mortas dos passados dias
Mas que me fazem suspirar agora
Durante o tempo dessas fantasias
Existe o passado, que se foi embora!


Poema de Vovô Miguel